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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Pão ou pães, é mesmo questão de opiniães?


Pegue o jornal ou o portal de informações do dia e marque todas as notícias assustadoras que encontrar. Depois, marque as boas, se encontrar. Compare a diferença.

Existe uma máxima do jornalismo que deve valer para sempre, "o que é notícia não é o fato de o cachorro morder o dono, mas o dono morder o cachorro", em outras palavras, a boa notícia para quem vende jornal ou chama a atenção para o anunciante está fundamentada no incomum, por isso, notícias boas não interessam.

Crianças e famílias satisfeitas pelo atendimento de uma escola pública é uma manchete que você nunca poderá ler em um meio de comunicação comercial, mas basta um problema pontual para que o mandatário seja colocado em dúvida, principalmente se a notícia vier acompanhada de suspeitas de corrupção e superfaturamento, dois temas que atraem o olhar dos que sofrem para manter o emprego e pagar suas contas, ou seja, a maioria.

Faça uma busca nas notícias anteriores à abertura das Olimpíadas do Rio, depois, veja a repercussão da aprovação internacional. Agora, me responda, em qual desses países nós vivemos?

Digo países, no plural, porque a realidade retratada é tão diferente uma da outra que fica difícil acreditar que o assunto é o mesmo. Antes, uma cidade que seria uma vergonha retumbante, depois, um orgulho nacional. Sabemos que não é uma coisa ou outra.

A manipulação da opinião pública e o jogo de interesses são fatos, jamais admitidos, mas fatos. Basta um pouco de inteligência e bom senso para percebê-los.

Isso não quer dizer que devemos imitar os avestruzes, que enterram as cabeças quando sentem medo. A informação é fundamental e dá subsídios para qualquer um se posicionar e avaliar o mundo em que vivemos, mas é preciso reflexão e fundamentação para construir a própria opinião, que irá abrir espaço para o diálogo, que nos torna humanos, sociáveis, capazes de apresentar diferentes pontos de vista.

Abandonar a inteligência para ceder à manipulação dos meios de comunicação, tomar partido e, ainda pior, repercutir opiniões polarizadas para atrair likes, significa fazer parte da boiada que segue para um único caminho: o abate.

Luciano Toriello
30/08/2016 - escrito com uma Olivetti Lexikon 80


quinta-feira, 30 de junho de 2016

Elas não têm valor


Sou do tempo que máquinas de escrever custavam tanto, que eram para poucos.

Mais tarde, começaram a entrar nas casas menos nobres, embaladas como um precioso presente para os filhos e, escondido na gaveta, um gordo carnê a ser quitado, como um investimento para o futuro.

O computador, que já havia ocupado o espaço das máquinas nos escritórios, não demorou a chegar até as casas, principalmente depois da Internet, assumindo mais do que a mesa de estudos, para empurrar as máquinas para um canto qualquer, até virarem estorvos, a serem despejados para a reciclagem.

Pesadas e inúteis, muitas foram para o ferro velho, trocadas por centavos, que mal pagavam seu peso em metal.

Hoje, com a onda retrô, a máquina de escrever virou um dos objetos de desejo dos hipsters, que acham o máximo sentar a mesa de um bar e batucar bobagens, com dois ou três dedos, sem qualquer domínio da datilografia.

E as máquinas passaram a ter algum valor. Muitas das que tenho, comprei por um preço que mal dava para encomendar uma pizza e, hoje, nem economizando na pizzaria, na lanchonete e na churrascaria, por alguns meses.

A moda é fugaz. Pode ser que alguns desses jovens se apaixonem por suas máquinas, a ponto de carrega-las pelos bares por toda uma vida, mas são grandes as chances de a maioria deles se desinteressarem, empurrando essa tendência de preço para o chão.

Daí, alguém me diz:

- Aproveite a maré alta! Venda suas máquinas e faça algum dinheiro, enquanto podem valer alguma coisa...

Mal penso nisso. Gosto de escolher cada uma delas conforme o meu desejo, como um sheik, com seu harém.

Escrito com uma Remington 11

sábado, 25 de junho de 2016

Saiu do Cartola



Encontros, novos amores e decepções transformam as nossas vidas o tempo inteiro, e se traduzem em músicas que ainda fazem girar os antigos bolachões e nos tocam pelos ouvidos.

O pé na bunda dói muito, por isso não faltam temas sobre ele.

Alguns preferem disfarçar, como Leandro e Leonardo com "eu sei guardar a minha dor, apesar de tanto amor, vai ser melhor assim".

Outros preferem dizer que deram a volta por cima, como Gloria Gaynor, em "I will survive". Nem machão dos pampas resiste ao balanço desse clássico do pop.

E o desejo por vingança ganha uma tremenda força com a voz de Beth Carvalho, quando canta "Vou festejar o teu sofrer, o teu penar. Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão".

Mas se é difícil levar o pé na bunda, dar um bom pé na bunda é quase impossível, pelo menos na música.

Cartola fez isso e, não por acaso, reconheceu que, com Acontece, seria sempre lembrado:

"Esquece o nosso amor, vê se esquece.
Porque tudo no mundo acontece.
E acontece que eu já não sei mais amar.
Vai chorar, vai sofrer, e você não merece,
Mas isso acontece.
Acontece que o meu coração ficou frio.
E o nosso ninho de amor está vazio.
Se eu ainda pudesse fingir que te amo,
Ah, se eu pudesse.
Mas não quero, não devo fazê-lo,
Isso não acontece".

Se todos os pés na bunda fossem dados com essa genialidade e delicadeza, seria a falência do brega, afinal, depois disso, sobreviveria a dor pela rejeição?

Mas como Cartola é único, não falta gente chorando pelos cantos, sem perceber que é melhor sair por aí e "assistir ao sol nascer, ver as águas dos rios correr, ouvir os pássaros cantar" e, enfim, levar a vida, a sorrir.

Luciano Toriello - 25/06/2016 - Escrito com uma Remington 11

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Instantes



Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros.

Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.

Seria mais tolo ainda do que tenho sido; na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.

Seria menos higiênico. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.

Iria a mais lugares aonde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos imaginários.

Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da sua vida.

Claro que tive momentos de alegria.

Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.

Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos; não percam o agora.

Eu era um daqueles que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um paraquedas; se voltasse a viver, viajaria mais leve.

Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono.

Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente.

Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo.


Autoria discutível. Poema atribuído ora a Jorge Luis Borges, ora a Nadine Stair.


Escrito com uma Olivetti Lexikon 80

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Renascida das cinzas







Muita gente, como você e eu, tirou da agenda aquele contato de um técnico de manutenção. Muitos nem experimentaram um serviço parecido, no máximo um ajuste de roupa na costureira ou um salto consertado no sapateiro.

No dia a dia, usamos smarthphones, computadores e tablets. Quando quebram, levamos um susto, porque nos habituamos a trocá-los antes, por modelos mais modernos. Tudo é velho com mais de 2 anos.

Com as chuvas de março, um raio caiu nas proximidades. No outro dia, as calçadas ficaram cheias de aparelhos de TV, destinados ao lixo.

Por isso, resgatar da sucata uma máquina de escrever, tomada por pó, pelos e cabelos acumulados por 30 ou 40 anos, soa como uma maluquice de grau máximo, a não ser que seja para resgatar a memória de uma pessoa querida, como o pai ou o avô.

Já ouço a sirene da ambulância na minha porta.

Essa bela Olivetti Studio 45 me chegou em uma situação deprimente. Dava nojo só de olhar.
Como se trata de um modelo relativamente comum e barato, os restauradores e colecionadores também torcem o nariz. Não querem gastar vela com defunto ruim.


Mas eu não sou como eles. Gosto de ver coisas boas funcionando bem, principalmente as máquinas de escrever.


Com apenas 2 dias de trabalho e algumas peças doadas por uma pobre coitada, sem salvação, essa linda Studio 45 renasceu das cinzas, totalmente limpa e lubrificada, como nova.


Com todas as honras, passa a fazer parte da família, entre as preferidas, que escrevem de forma macia e precisa, sem depender de energia ou sinal de internet, que desaparecem com as tempestades.

Luciano Toriello - 13/04/2016
Escrito com uma Olivetti Studio 45







quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

As alemãs são perversas






Um sujeito da cidade grande chega em um vilarejo do interior, onde está acontecendo uma 'corrida' de galos e resolve arriscar uma aposta.

Se aproxima de um caipira que está agachado em um canto, assistindo à disputa, e dispara a pergunta:

- Amigo, qual desses galos é bom?

- Ah, mas qualquer um pode ver que bom mesmo é o galo branco! - responde de pronto o matuto, com a certeza de um matemático quando diz que um mais um é igual a dois.

Confiando no capiau, que continua com os olhos grudados nas aves, o forasteiro resolve apostar todo o seu dinheiro no galo branco.

Em pouco tempo, porém, o galo preto se impõe e faz miséria do pobre branquinho.

Então, diante do prejuízo, o perdedor resolve tirar satisfação:

- Meu amigo, segui o que você disse e perdi tudo! E agora? Como é que eu fico?

O jeca não se abala. Dispara uma cusparada com tranquilidade, antes de se defender:

- Mas eu não menti! O galo branco é bom, mas o galo preto é perverso!



Nesse blog, tenho dado bastante atenção para alguns modelos conhecidos no Brasil, produzidos pela Olivetti ou pela Remington, porque podem ser adquiridos com facilidade e ainda estão na memória afetiva de muita gente.

Mas é preciso reconhecer que até mesmo alguns clássicos, que mantenho preferência, como a Olivetti Lexikon 80 e a Olivetti Studio 44, são galos brancos diante das máquinas produzidas na Alemanha.

Da mesma forma que BMW, Audi, Volkswagen, Porsche, Mercedes e outras marcas alemãs que são referência para a indústria automobilística, o mercado de máquinas de escrever teve como referência de qualidade a produção de modelos da Triumph, Adler, Torpedo e Olympia, entre outras.

A diferença salta aos olhos e aos dedos, basta ver a estrutura das peças e sentir o toque diferenciado do teclado para perceber que a precisão mecânica faz parte do DNA germânico.

Sempre que for possível escolher entre uma máquina alemã e outra produzida em qualquer outro ponto do planeta, não tenha dúvidas, as alemãs são perversas.

Luciano Toriello - 25/02/2016
Escrito com uma Triumph Gabriele 25




P.S. O autor desse blog é contrário a qualquer tipo de disputa ou competição entre animais, até mesmo quando não há crueldade ou violência, mas acredita firmemente que boas histórias ou anedotas não podem ser apagadas em nome do que passou a ser considerado 'politicamente incorreto'. 

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Olivetti Lettera 32





Algumas coisas nos parecem tão comuns que mal conseguimos perceber o valor que elas têm, ou a genialidade de quem as construiu. A Olivetti Lettera 32 é um bom exemplo, um clássico, que muita gente guarda na memória, já que muitos jovens recebiam uma de presente, como uma espécie de rito de passagem da infância para a adolescência.

Comum, mas com características que a tornam especial.

Lançada em 1963, como sucessora da premiada Lettera 22, a portátil desenhada por Marcello Nizzoli manteve a preferência de quem buscava uma boa máquina de escrever que pudesse ir a todos os lugares.

O teclado com botões quadrados e cantos arredondados anunciava a modernidade, que chegaria tempos depois com os computadores pessoais, com um toque leve para imprimir com velocidade, sem cansar os dedos.


Na extremidade direita, o botão vermelho se destaca, como em outros modelos da marca italiana, com a função de movimentar o carro para as marcas tabuladas, que podem ser medidas pelas inscrições na barra cromada que segura o papel, ou na régua fixa do carro, com números que partem de 0 a 80, largura exata de uma folha de papel.

Em metal, o suporte de papel, quando erguido, assume a forma de "V", logo a frente dos margeadores, que têm movimento preciso, com acabamento em cromo.



A alavanca de retorno, em alumínio, é dobrável em duas partes, para que possa ser recolhida e a máquina melhor acomodada no estojo. O movimento do carro é leve e não exige maior esforço, por isso, apesar de parecer curta, a haste funciona bem.



Nas versões mais antigas, as laterais do carro têm acabamento em alumínio, com pintura da mesma cor, que pode arranhar com facilidade. Depois, essas peças foram substituídas por plástico preto.



No Brasil, as Lettera 32 foram distribuídas em três cores: verde menta, salmão e o verde claro, próximo do abacate. Cores que traduzem o estilo de uma época e imprimem personalidade a um produto que pode combinar com diferentes cenários, sem o tédio cromático que imperou nas décadas seguintes, com o domínio do bege, cinza e preto.



A portabilidade era feita com segurança, por meio de uma maleta em tom azul, com faixa e detalhes em preto, como a alça plástica e o zíper único, que envolve o estojo de um lado a outro.

Uma outra opção, menos comum, era uma bolsa em couro marrom, em dois tons, claro e escuro, com uma alça para levar a máquina nos ombros.

A Olivetti Pica é a fonte padrão para a maioria das Lettera 32, mas há notícias sobre versões com fonte em itálico e cursiva, mas são raras, por isso nem devem ser consideradas como possibilidade de escolha.

Toque regulável


A Lettera 32 pode ser usada sem exigir um grande esforço do datilógrafo. Os toques podem ser leves ou pesados, basta um ajuste feito com o regulador de batida, uma alavanca situada no lado esquerdo da máquina, embaixo da cobertura removível.

Durabilidade

Apesar da aparência frágil de uma máquina feita para uso pessoal, a Lettera 32 é muito resistente, com fôlego de sobra para escrever bem mais que uma carta, como o nome, em italiano, sugere.

O maior teste conhecido dessa capacidade de resistência ao uso intenso foi realizado pelo escritor Cormac McCarthy, que leiloou sua máquina em 2009, depois de mais de 40 anos de uso.

Segundo ele, foi em uma mesma Lettera 32 que nasceram todas as suas obras e correspondências pessoais, desde 1963, sem que precisasse de qualquer tipo de manutenção, além de uma limpeza com ar comprimido.

A venda rendeu mais de 250 mil dólares para uma instituição e, com 20 dólares, McCarthy comprou outra Lettera 32, em melhores condições.

Como escolher

Se você pretende comprar uma Lettera 32, siga essas dicas para fazer um bom negócio:

- Tenha paciência para escolher. Como é um modelo comum, não faltam ofertas, por isso, escolha a melhor;

- Prefira a pintura original, sem trincas e com poucos sinais de desgaste ou arranhões;


- Verifique se estão presentes as duas porcas sobre os carretéis de fita, uma de cada lado. Se foram perdidas, será difícil encontrar substitutas;

- Confira o movimento dos carretéis, que devem girar gradualmente, a cada toque do teclado. A inversão de movimento deve ser feita de forma automática, com o fim da fita;

- O estojo precisa estar em boas condições, com o zíper inteiro. Também é desejável que não tenha rabiscos de caneta ou marcas eternas, como o nome do antigo dono;
A trava impede o deslocamento acidental do carro

- Nunca se esqueça que preço alto nem sempre é sinônimo de qualidade. Avalie com cuidado os anúncios inscritos com termos exagerados, como: "para colecionadores", "raridade" ou "relíquia". Prefira fazer negócio com vendedores que estão com a máquina há muito tempo, como donos originais ou parentes próximos;

- Se o vendedor disser que a máquina é ótima para decorar o ambiente, esqueça, a não ser que esteja em busca de um peso de papel.

Luciano Toriello - 20/02/2016
Escrito com uma Olivetti Lettera 32

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Em breve: tudo sobre a Lettera 32


O país inteiro parece estar de férias, ou melhor, parece estar curtindo os últimos dias antes de o ano começar de verdade.

Infelizmente, para mim, essa é a época em que o trabalho aperta mais, por isso não tenho conseguido manter a frequência de textos, então, peço desculpas.

Mas logo vou trazer informações mais completas sobre a Olivetti Lettera 32, a portátil que mora no coração de muita gente, pelo estilo e leveza, mas principalmente por ter sido a primeira máquina de escrever, presenteada pelos pais, quando os jovens precisavam escrever seus primeiros trabalhos escolares.

Essa beleza da foto tem uma história parecida. Me chegou hoje, para completar minha pequena coleção, com uma de cada cor: salmão, verde menta e verde claro.

Possui ainda os manuais, pincel e até uma caixinha de Radex, que disfarçava os erros de datilografia.

Agora, basta uma limpeza.

Luciano Toriello - 04/02/2016



quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Magia de verdade





Espuma aplicada sobre uma área menor
Após alguns instantes, o resultado surpreende

Magia de verdade

Produtos de limpeza que prometem milagres existem aos montes, mas difícil mesmo é ver um deles funcionar como nas propagandas.

A 'Espuma Mágica' não me decepcionou. A primeira vez que usei foi para limpar o forro do teto do meu Fusca, que ficou amarelado pelo tempo e pela nicotina do antigo proprietário, que cuidou melhor do carrinho, por mais de 30 anos, que da própria saúde.

O vinil do VW não voltou a ficar branco, mas a espuma ajudou a tirar uma boa parte do encardido e das manchas mais acentuadas.

Meu sofá de tecido, com o resto da lata, também ganhou uma sobrevida. As manchas saíram com maior facilidade, sem molhar a espuma.

Por isso, o spray virou um item obrigatório na minha cesta de compras, me ajudando a recuperar o visual de todos os estojos das minhas máquinas de escrever.

Após o teste, espuma é aplicada em toda a superfície

Após alguns instantes, a sujeira sai sem esfregar. A mancha escura, de tinta, à esquerda do estojo, perdeu a cor com a ajuda do produto, mas exigiu um esforço maior
Anos de pó e sujeira acumulada desaparecem em pouco tempo de limpeza, deixando a peça como nova
A coisa é bem fácil. Basta aplicar a espuma sobre a sujeira, aguardar alguns instantes para que possa agir e, em seguida, passar um pano úmido para retirar a mancha.

O resultado é rápido e prático, como promete o rótulo.

O limpador é indicado para carpetes, bancos de carros, tapetes, sofás, vinil, fórmica e qualquer superfície lavável, por isso também uso para deixar meus tênis sempre limpos.

Estranho é entender por que um produto tão versátil é encontrado apenas nas prateleiras automotivas.



Preço aproximado: R$20,00

Importante: Esse blog não é patrocinado e não pode ser responsabilizado por qualquer dano ou prejuízo que o produto possa causar. É só o relato de uma experiência pessoal. Leia as instruções e siga as recomendações de segurança.



Luciano Toriello - 14/01/2016
Escrito com uma Olympia Traveller de Luxe

Olympia Traveller de Luxe - preservada com pouco uso, em condições originais. Tem o mesmo porte e padrão mecânico da Hermes Baby, com qualidade sensivelmente melhor, como é comum nas máquinas da marca alemã

domingo, 10 de janeiro de 2016

Facit TP1, uma portátil para poucos



Os antigos estojos reforçados, com estrutura de madeira e acabamento típico do final dos anos 1950, como o que acompanhava a Facit TP1, é um item indispensável para proteger a máquina da ação do tempo 
Como os carros e as bicicletas, nenhuma máquina de escrever é igual a outra, considerando o desgaste natural das peças, de acordo com o uso. A personalidade do equipamento se molda também na linha de montagem, com diferenças microscópicas no encaixe das peças e aperto dos parafusos.

O contraste só aumenta a cada comparação, até a mais evidente, quando máquinas de uma mesma época foram produzidas por diferentes fabricantes.

Quando comecei minha vida profissional, havia no escritório duas marcas de máquinas, a Olivetti e a Facit. A primeira me era mais familiar, por isso foi a escolha natural. Quando experimentei a Facit, não vi qualidades, porque minha opinião já estava previamente formada.

Por isso, quando voltei a me interessar por máquinas de escrever, não considerei a Facit. Meu foco ficou com a marca italiana e a Remington, mais conhecida. Depois, aos poucos, fui adquirindo outras marcas, como as diferentes alemãs, de acordo com as oportunidades que foram surgindo.

Minha Facit TP1, pintada de vermelho, me chegou com a negociação de um pacote de máquinas, entre outras que me interessavam. Estava quebrada, por uma queda sofrida, e surrada pelo uso intenso ao longo dos anos.

A Facit TP1 vermelha foi recuperada de uma queda e dos desgastes de uso intenso, mesmo assim, revelou sua qualidade e me incentivou a buscar outra igual, em melhores condições
Em uma escolha racional, deveria ir para a pilha de sucatas, mas preferi investir no conserto por dois motivos: gostei do tipo de letra e arrisquei, porque acredito que os melhores finais felizes não acontecem com as escolhas racionais.

Estojo tem formato e presilhas especiais para manter a segurança da máquina durante o transporte
Com tantos defeitos a serem corrigidos, um acabou esquecido e foi preciso retornar com a Facit para a oficina. Então, quando voltou pela segunda vez, achei melhor levá-la para o trabalho, para preencher alguns despachos em documentos e colocar a manutenção à prova.

O uso diário me fez gostar mais da nova companheira de mesa, a ponto de sentir sua falta em casa, no meio de tantas outras.

Passei a ver qualidades na Facit, como a precisão e a robustez mecânica, com um jeito bastante diferente das máquinas convencionais, que confere uma suavidade ao teclado, sem enroscar com a velocidade.

Todos os detalhes preservados, como as peças cromadas e a régua de acrílico no suporte de papel

Por isso, passei a buscar uma nova TP1 para a coleção, com todas as características originais que a minha velha guerreira não mais possui, o que é bem difícil de encontrar, diante da pequena distribuição desse modelo no Brasil, que chegou por importação da Suécia.

A Facit TP1 era importada da Suécia e recebia placa de identificação da Facit S.A, antes de ser distribuída para as lojas

O desejo acabou de ser realizado. Minha nova TP1 foi preservada quase sem uso, por mais de 50 anos, dentro do estojo original.

Com cores sóbrias, a Facit TP1 mantinha o perfil da empresa, que buscava atender ao mercado corporativo, sem a preocupação com opções de cores, como a Olivetti, que alcançava um público maior


Segundo o vendedor, a máquina ficou guardada desde que chegou da loja, como uma reserva, sem a titularidade que era ocupada por uma Olivetti Studio 44, que trabalhou até ser substituída por um computador.

Tipo da letra é um pouco menor que o tamanho comercial
Assim, devo agradecer à sorte e, por que não, à Studio 44, que ajudou a manter essa Facit intacta, para que eu pudesse encontrá-la.

Luciano Toriello - 10/01/2016
Escrito com uma Facit TP1



quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Coleções


Quando garoto, gostava de começar coleções, mas nem sempre podia concluí-las de fato, porque as condições não costumavam ser favoráveis.

Adorava quando a Coca-Cola lançava coleções especiais nas tampinhas das garrafas, porque eram mais acessíveis, não que eu pudesse abrir garrafas de refrigerantes, mas podia contar com a amizade do pessoal que trabalhava na padaria perto de casa, então, não demorava a acumular muitas tampinhas especiais, como a série com os personagens da Disney, ou outra, com os jogadores da seleção brasileira.

Jogadores de vários times brasileiros também fizeram a minha alegria quando colecionei os cartões da série Futebol Cards. Eram envelopes com três cartões de jogadores e um chiclete Ping Pong, achatado, no formato do cartão. Cada card trazia a foto do jogador e, no verso, seus dados físicos e histórico profissional.

Então, eu podia montar times completos. Não me esqueço da emoção quando consegui o cartão do Zenon, líder do ataque do Guarani, que arrebentava no campeonato, junto com o Careca. Sempre fui Palmeirense, assim mesmo, com "P" maiúsculo, mas sabia admirar um bom jogador. Além do mais, a camisa verde do Guarani estava bem próxima do meu Verdão.

Minha coleção era imensa e fazia a mochila de cadernos pesar. Devo ter comprado uns 2 ou 3 envelopes, o restante foi conquistado no bafo que, para os cartões, exigia muita força. Não preciso dizer que nenhum dos meus cartões eram novos. Todos eram dobrados e com os cantos amassados, de acordo com as diferentes técnicas empregadas para virá-los nas disputas.

Outras figurinhas que fizeram a minha cabeça foram as dos Super Heróis Ping Pong, que vinham nos chicletes comuns e o álbum era encartado nas revistinhas. Na época, eu pouco sabia sobre a diferença entre DC e Marvel, até porque o álbum trazia personagens dos dois times, sem diferenciação.

Eram muitas figurinhas repetidas. Tocha Humana era uma praga. Batman e Super Homem eram raríssimos.

Mais uma vez, poucos foram os chicletes que pude mastigar. A maioria vinha do bafo ou do chão. Ficava no portão da escola, perto do carrinho do tio dos doces, recolhendo os papeis de chiclete que as meninas jogavam no chão, desinteressadas do assunto. Foi assim que consegui o Super Homem.

Álbum de figurinhas completo eu só tive quando o Governo do Estado de São Paulo lançou a Turma do Paulistinha, com a troca de notas fiscais, depois de enfrentar longas filas.

Minhas coleções ficaram perdidas pelo caminho, junto com embalagens de cigarros e selos recortados de envelopes.

Com elas, tive assunto para conhecer outras pessoas e aprender mais sobre diferentes assuntos, sem fazer muita força.

Vou guardá-las para sempre.

Luciano Toriello - 02/01/2016
Escrito com uma Halda portátil




terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Tem, mas...




Com a fita da minha máquina de escrever prestes a dar seus últimos suspiros, saí em busca de uma nova, no armarinho mais próximo.

- Seu Adamastor, por acaso o senhor tem uma fita de máquina de escrever?

- Oi, meu filho! Tem sim, mas está em falta!

- E quando vai chegar, Seu Adamastor?

- Não sei. Quem sabe?

Daí, saio para uma caminhada mais longa, atrás de uma fita que tenha, mas não esteja em falta, imaginando que o Brasil deve ser um dos poucos lugares do mundo em que essa frase possa fazer algum sentido.

Tem repelente, mas está em falta.
Tem água, mas está em falta.
Tem saúde, mas está em falta.
Tem educação, mas está em falta.
Tem segurança, mas está em falta.

E quando vai chegar? Não sei. Quem sabe?

Luciano Toriello - 02/01/2016
Escrito com uma Halda portátil