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domingo, 31 de maio de 2015

Quanto vale uma máquina de escrever?



Escrito em um a Olivetti Studio 44

Quanto vale uma máquina de escrever?

Quando me perguntam, respondo que vale exatamente quanto a pessoa está disposta a vender ou a pagar.

Para uns, são objetos raros, amarrados a uma historia pessoal que envolve algum sacrifício.

Para outros, uma máquina é um monte de sucata que ocupa espaço na casa.

Cansei de ouvir histórias de máquinas perfeitas encontradas no lixo.

Há pouco tempo, fiz uma oferta justa por uma antiga, considerando o estado de conservação e o custo de recuperação.

O dono, um senhor que a possui há mais de trinta anos, ficou insultado e disse que preferia ficar com ela até morrer.

Estou certo que os herdeiros não pensarão da mesma forma.

É assim que vivem os antiquários, compram por sucata e vendem como joias raras, de olho nos colecionadores.

E é esse grupo que faz girar a roda da fortuna. Gastam valores absurdos por itens que consideram raros, apenas para mostrar aos amigos, já que os objetos pouco representam em suas vidas.

Não gosto de ser confundido com um deles, ainda mais em uma negociação. Quando isso acontece, pensam que estou disposto a pagar mais do que vale e a coisa azeda.

O mercado também muda. Com a moda retrô, ou vintage, os preços subiram e a oferta diminuiu. Sumiram as pechinchas.

Também há uma influência criada pelos sites de classificados. O que antes era doado para entidades, passou a ser vendido.

Ao mesmo tempo, veio à tona o que antes ficava escondido. Seu vizinho poderia estar disposto a vender e você jamais ficaria sabendo.

Para comprar ou vender uma máquina de escrever é importante manter o bom senso. Leve em conta a qualidade, a quantidade de ofertas e o estado de conservação, mas não deixe de avaliar também o custo de manutenção e o transporte.

E tenha boa sorte nos negócios.

Halda, uma bela sueca








Escrito em uma Halda portátil

Você conhece a Halda?

Logo que me fizeram essa pergunta, pensei que só podia se tratar de alguma senhora estrangeira.

Foi melhor do que isso. Uma bela máquina de escrever que chegou ao Brasil, na década de 50, importada pela Facit.

Na verdade, a Halda deu origem à Facit, que depois transformou a mãe em uma marca, sendo mais um caso empresarial que pouca gente entende bem.

O fato é que a Halda chegou e, se não agradou mais, deve ter sido pelo preço, já que tem qualidade de primeira em cada peça, sendo robusta, macia e linda, combinando um verde bem escuro com uma cinta cromada e com faixa vermelha.

O estojo de madeira que protege a versão portátil tem o mesmo tom, com um acabamento luxuoso.

A base não tem pés, mas um contorno emborrachado que a mantém firme, mesmo nas superfícies lisas.

Ernest Hemingway foi um dos que se apaixonaram por uma Halda, por isso não pensou muito antes de largar suas Royals pela sueca.

Depois de algumas negociações frustradas, finalmente consegui a minha Halda portátil em um ótimo estado de conservação, com o estojo original.

Como costumo dizer, não sou um colecionador, apenas gosto de datilografar. Máquina não é enfeite de decoração e a Halda mostra porque foi construída.

- Muito prazer em conhecê-la.

sábado, 16 de maio de 2015

Uma máquina tem personalidade?


 

Gosto mais de engenhocas mecânicas que eletrônicas. Mesmo produzidas em série, uma máquina nunca é igual a outra. Uma variação milimétrica muda tudo.

Com o uso, pegam a mão do dono e ganham manhas e manias.

Quem já dirigiu o mesmo carro por muito tempo sabe bem disso. Depois da troca por um novo, fica a saudade do antigo.

Com um gadget eletrônico a coisa é diferente. Alguém sente falta do primeiro celular?

Talvez, entre todas as máquinas, as de escrever ganham ainda mais personalidade, podendo ser identificadas no meio da multidão.

Num velho manual do crime, certamente há alguma regra alertando sobre os rastros de uma máquina de escrever em um bilhete ameaçador.

Mas a impressão é apenas uma das diferenças. Também mudam o som, o toque e até o cheiro, fazendo a datilografia uma experiência única.

Com uma máquina, as ideias fluem, ganham asas. Com outra, o texto não decola, a cabeça trava.

Daí a minha vontade de ter várias, não para guardá-las como objeto de coleção, mas para colocá-las em uso e alcançar tudo o que podem oferecer.


Luciano Toriello - 16.05.2015

Escrito em uma Adler Junior - E




domingo, 10 de maio de 2015

Sua missão: trocar a fita



Escrito em uma Torpedo 18

Quem jogou Resident Evil, mesmo que jamais tenha chegado perto de uma máquina de escrever, sabe que é preciso encontrar uma fita para ela.
Das máquinas que comprei até hoje, apenas uma já tinha uma fita nova. A desculpa para o descaso cai sempre sobre a dificuldade de encontrar o suprimento nas papelarias.
Não é verdade. Acredito mais na preguiça de sujar os dedos para passar a fita nova.
As fitas padrão Olivetti estão disponíveis com certa facilidade e já pude encontrar, pelo menos, três fabricantes diferentes.
Mesmo assim, se for impossível encontrar em sua cidade, também dá para adaptar as fitas de impressora matricial ou calculadora, desde que tenham 13mm de altura.
Por apenas R$2,40, encontrei com facilidade as fitas produzidas pela Colorprint. A qualidade não é das melhores, o nylon é quase transparente e o preto fica puxado para o vermelho nas fitas com as duas cores.
Já a fita da Menno não apresenta esse problema, o preto e o vermelho são distintos, mas a fita nova não tem cores intensas. Custou R$4,50, em uma papelaria da Rua Marconi, no centro de São Paulo.
Por R$15,00 cada, reuni coragem para comprar duas fitas produzidas pela Ibrafitas, revendidas pelo mecanógrafo. O preço alto se justifica pela qualidade, com nylon extra carregado de tinta.
Independente do custo, colocar uma fita nova em sua máquina não é uma missão para personagens de videogame. É fácil deixar sua máquina escrever de novo, mesmo que seja para vendê-la, certamente terá melhor resultado se puder mostrar que ela funciona.

Essa é para você, mamãe





Escrito com Olympia SF De Luxe Cursive