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quarta-feira, 13 de abril de 2016

Renascida das cinzas







Muita gente, como você e eu, tirou da agenda aquele contato de um técnico de manutenção. Muitos nem experimentaram um serviço parecido, no máximo um ajuste de roupa na costureira ou um salto consertado no sapateiro.

No dia a dia, usamos smarthphones, computadores e tablets. Quando quebram, levamos um susto, porque nos habituamos a trocá-los antes, por modelos mais modernos. Tudo é velho com mais de 2 anos.

Com as chuvas de março, um raio caiu nas proximidades. No outro dia, as calçadas ficaram cheias de aparelhos de TV, destinados ao lixo.

Por isso, resgatar da sucata uma máquina de escrever, tomada por pó, pelos e cabelos acumulados por 30 ou 40 anos, soa como uma maluquice de grau máximo, a não ser que seja para resgatar a memória de uma pessoa querida, como o pai ou o avô.

Já ouço a sirene da ambulância na minha porta.

Essa bela Olivetti Studio 45 me chegou em uma situação deprimente. Dava nojo só de olhar.
Como se trata de um modelo relativamente comum e barato, os restauradores e colecionadores também torcem o nariz. Não querem gastar vela com defunto ruim.


Mas eu não sou como eles. Gosto de ver coisas boas funcionando bem, principalmente as máquinas de escrever.


Com apenas 2 dias de trabalho e algumas peças doadas por uma pobre coitada, sem salvação, essa linda Studio 45 renasceu das cinzas, totalmente limpa e lubrificada, como nova.


Com todas as honras, passa a fazer parte da família, entre as preferidas, que escrevem de forma macia e precisa, sem depender de energia ou sinal de internet, que desaparecem com as tempestades.

Luciano Toriello - 13/04/2016
Escrito com uma Olivetti Studio 45