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domingo, 10 de janeiro de 2016

Facit TP1, uma portátil para poucos



Os antigos estojos reforçados, com estrutura de madeira e acabamento típico do final dos anos 1950, como o que acompanhava a Facit TP1, é um item indispensável para proteger a máquina da ação do tempo 
Como os carros e as bicicletas, nenhuma máquina de escrever é igual a outra, considerando o desgaste natural das peças, de acordo com o uso. A personalidade do equipamento se molda também na linha de montagem, com diferenças microscópicas no encaixe das peças e aperto dos parafusos.

O contraste só aumenta a cada comparação, até a mais evidente, quando máquinas de uma mesma época foram produzidas por diferentes fabricantes.

Quando comecei minha vida profissional, havia no escritório duas marcas de máquinas, a Olivetti e a Facit. A primeira me era mais familiar, por isso foi a escolha natural. Quando experimentei a Facit, não vi qualidades, porque minha opinião já estava previamente formada.

Por isso, quando voltei a me interessar por máquinas de escrever, não considerei a Facit. Meu foco ficou com a marca italiana e a Remington, mais conhecida. Depois, aos poucos, fui adquirindo outras marcas, como as diferentes alemãs, de acordo com as oportunidades que foram surgindo.

Minha Facit TP1, pintada de vermelho, me chegou com a negociação de um pacote de máquinas, entre outras que me interessavam. Estava quebrada, por uma queda sofrida, e surrada pelo uso intenso ao longo dos anos.

A Facit TP1 vermelha foi recuperada de uma queda e dos desgastes de uso intenso, mesmo assim, revelou sua qualidade e me incentivou a buscar outra igual, em melhores condições
Em uma escolha racional, deveria ir para a pilha de sucatas, mas preferi investir no conserto por dois motivos: gostei do tipo de letra e arrisquei, porque acredito que os melhores finais felizes não acontecem com as escolhas racionais.

Estojo tem formato e presilhas especiais para manter a segurança da máquina durante o transporte
Com tantos defeitos a serem corrigidos, um acabou esquecido e foi preciso retornar com a Facit para a oficina. Então, quando voltou pela segunda vez, achei melhor levá-la para o trabalho, para preencher alguns despachos em documentos e colocar a manutenção à prova.

O uso diário me fez gostar mais da nova companheira de mesa, a ponto de sentir sua falta em casa, no meio de tantas outras.

Passei a ver qualidades na Facit, como a precisão e a robustez mecânica, com um jeito bastante diferente das máquinas convencionais, que confere uma suavidade ao teclado, sem enroscar com a velocidade.

Todos os detalhes preservados, como as peças cromadas e a régua de acrílico no suporte de papel

Por isso, passei a buscar uma nova TP1 para a coleção, com todas as características originais que a minha velha guerreira não mais possui, o que é bem difícil de encontrar, diante da pequena distribuição desse modelo no Brasil, que chegou por importação da Suécia.

A Facit TP1 era importada da Suécia e recebia placa de identificação da Facit S.A, antes de ser distribuída para as lojas

O desejo acabou de ser realizado. Minha nova TP1 foi preservada quase sem uso, por mais de 50 anos, dentro do estojo original.

Com cores sóbrias, a Facit TP1 mantinha o perfil da empresa, que buscava atender ao mercado corporativo, sem a preocupação com opções de cores, como a Olivetti, que alcançava um público maior


Segundo o vendedor, a máquina ficou guardada desde que chegou da loja, como uma reserva, sem a titularidade que era ocupada por uma Olivetti Studio 44, que trabalhou até ser substituída por um computador.

Tipo da letra é um pouco menor que o tamanho comercial
Assim, devo agradecer à sorte e, por que não, à Studio 44, que ajudou a manter essa Facit intacta, para que eu pudesse encontrá-la.

Luciano Toriello - 10/01/2016
Escrito com uma Facit TP1



quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Coleções


Quando garoto, gostava de começar coleções, mas nem sempre podia concluí-las de fato, porque as condições não costumavam ser favoráveis.

Adorava quando a Coca-Cola lançava coleções especiais nas tampinhas das garrafas, porque eram mais acessíveis, não que eu pudesse abrir garrafas de refrigerantes, mas podia contar com a amizade do pessoal que trabalhava na padaria perto de casa, então, não demorava a acumular muitas tampinhas especiais, como a série com os personagens da Disney, ou outra, com os jogadores da seleção brasileira.

Jogadores de vários times brasileiros também fizeram a minha alegria quando colecionei os cartões da série Futebol Cards. Eram envelopes com três cartões de jogadores e um chiclete Ping Pong, achatado, no formato do cartão. Cada card trazia a foto do jogador e, no verso, seus dados físicos e histórico profissional.

Então, eu podia montar times completos. Não me esqueço da emoção quando consegui o cartão do Zenon, líder do ataque do Guarani, que arrebentava no campeonato, junto com o Careca. Sempre fui Palmeirense, assim mesmo, com "P" maiúsculo, mas sabia admirar um bom jogador. Além do mais, a camisa verde do Guarani estava bem próxima do meu Verdão.

Minha coleção era imensa e fazia a mochila de cadernos pesar. Devo ter comprado uns 2 ou 3 envelopes, o restante foi conquistado no bafo que, para os cartões, exigia muita força. Não preciso dizer que nenhum dos meus cartões eram novos. Todos eram dobrados e com os cantos amassados, de acordo com as diferentes técnicas empregadas para virá-los nas disputas.

Outras figurinhas que fizeram a minha cabeça foram as dos Super Heróis Ping Pong, que vinham nos chicletes comuns e o álbum era encartado nas revistinhas. Na época, eu pouco sabia sobre a diferença entre DC e Marvel, até porque o álbum trazia personagens dos dois times, sem diferenciação.

Eram muitas figurinhas repetidas. Tocha Humana era uma praga. Batman e Super Homem eram raríssimos.

Mais uma vez, poucos foram os chicletes que pude mastigar. A maioria vinha do bafo ou do chão. Ficava no portão da escola, perto do carrinho do tio dos doces, recolhendo os papeis de chiclete que as meninas jogavam no chão, desinteressadas do assunto. Foi assim que consegui o Super Homem.

Álbum de figurinhas completo eu só tive quando o Governo do Estado de São Paulo lançou a Turma do Paulistinha, com a troca de notas fiscais, depois de enfrentar longas filas.

Minhas coleções ficaram perdidas pelo caminho, junto com embalagens de cigarros e selos recortados de envelopes.

Com elas, tive assunto para conhecer outras pessoas e aprender mais sobre diferentes assuntos, sem fazer muita força.

Vou guardá-las para sempre.

Luciano Toriello - 02/01/2016
Escrito com uma Halda portátil




terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Tem, mas...




Com a fita da minha máquina de escrever prestes a dar seus últimos suspiros, saí em busca de uma nova, no armarinho mais próximo.

- Seu Adamastor, por acaso o senhor tem uma fita de máquina de escrever?

- Oi, meu filho! Tem sim, mas está em falta!

- E quando vai chegar, Seu Adamastor?

- Não sei. Quem sabe?

Daí, saio para uma caminhada mais longa, atrás de uma fita que tenha, mas não esteja em falta, imaginando que o Brasil deve ser um dos poucos lugares do mundo em que essa frase possa fazer algum sentido.

Tem repelente, mas está em falta.
Tem água, mas está em falta.
Tem saúde, mas está em falta.
Tem educação, mas está em falta.
Tem segurança, mas está em falta.

E quando vai chegar? Não sei. Quem sabe?

Luciano Toriello - 02/01/2016
Escrito com uma Halda portátil


terça-feira, 6 de outubro de 2015

Como cuidar bem de uma máquina de escrever - 7


7. Nunca coloque óleo nas barras dos tipos ou outros mecanismos da máquina.

Se as barras dos tipos estão grudando, ou seja, não voltam depois de bater na fita, a solução não é colocar óleo, de qualquer tipo, nem mesmo aquele moderno, em spray, que você comprou enquanto esperava na fila do caixa do supermercado e não sabe o que fazer com aquilo.

Esse defeito só é resolvido com uma limpeza feita com ar comprimido, para tirar a poeira acumulada nos pequenos vãos que, com o tempo, sua máquina acumulou enquanto ficou exposta sem a proteção de uma capa.

Lembre-se, o óleo lubrifica, mas também atrai a poeira, formando uma massa gosmenta que impede os movimentos. Se colocar óleo em cima da poeira, sem uma limpeza anterior, imagine e tamanho do problema para quem vai limpar depois.

Um profissional desmonta todas as peças, limpa com ar comprimido, faz uma limpeza fina com querosene e promove um polimento nas partes cromadas, além de revitalizar os cilindros de borracha. Para isso, é preciso ter ferramentas e conhecimento, por isso meu conselho é que ninguém se arrisque a fazer isso se não tiver alguns conhecimentos mecânicos.

Melhor procurar um mecanógrafo a arriscar por conta própria. Mas se for impossível, experimente o ar comprimido. Sem a sujeira, a maioria dos problemas é resolvida.

Luciano Toriello - 06.10.2015
Escrito com uma Facit TP1

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Facit TP1 - Para quem gosta de escrever







Responda rápido. Para você, o que é bonito e o que é feio? Todo mundo concorda sempre com a sua opinião?
Penso que nem um tratado filosófico sobre isso pode chegar a alguma conclusão.



Com máquinas de escrever os gostos também se dividem. Algumas carregam tantas marcas de uso que ficam com um aspecto ruim, mas são gostosas de escrever e possuem uma letra bonita, diferente do padrão comercial dos escritórios.

Essa Facit TP1 é assim. Um modelo raro, importado da Suécia, com fonte serifada de tamanho menor.


Mas foi muito usada e mal tratada. Em algum momento, foi repintada e ganhou um vermelho escuro, diferente do padrão original. Mas o serviço foi bem feito, até parece que sempre teve essa cor.

Chegou quebrada, com defeito no espaçador e com uma peça faltando, impedindo que a barra prendesse bem o papel.


O conserto deu trabalho e não foi barato. Mas sua alma foi salva do purgatório. Agora, escreve bem e tem as teclas leves, sem enroscar com a velocidade.

Para um colecionador, continua horrível.

Para um escritor, ficou estupenda.


Luciano Toriello - 09/07/15

Escrito em uma Facit TP1

domingo, 31 de maio de 2015

Halda, uma bela sueca








Escrito em uma Halda portátil

Você conhece a Halda?

Logo que me fizeram essa pergunta, pensei que só podia se tratar de alguma senhora estrangeira.

Foi melhor do que isso. Uma bela máquina de escrever que chegou ao Brasil, na década de 50, importada pela Facit.

Na verdade, a Halda deu origem à Facit, que depois transformou a mãe em uma marca, sendo mais um caso empresarial que pouca gente entende bem.

O fato é que a Halda chegou e, se não agradou mais, deve ter sido pelo preço, já que tem qualidade de primeira em cada peça, sendo robusta, macia e linda, combinando um verde bem escuro com uma cinta cromada e com faixa vermelha.

O estojo de madeira que protege a versão portátil tem o mesmo tom, com um acabamento luxuoso.

A base não tem pés, mas um contorno emborrachado que a mantém firme, mesmo nas superfícies lisas.

Ernest Hemingway foi um dos que se apaixonaram por uma Halda, por isso não pensou muito antes de largar suas Royals pela sueca.

Depois de algumas negociações frustradas, finalmente consegui a minha Halda portátil em um ótimo estado de conservação, com o estojo original.

Como costumo dizer, não sou um colecionador, apenas gosto de datilografar. Máquina não é enfeite de decoração e a Halda mostra porque foi construída.

- Muito prazer em conhecê-la.