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sábado, 5 de setembro de 2015

Pronta para a batalha






Colecionadores de máquinas de escrever gostam das antigas, aquelas produzidas no final do séc. XIX e início do XX, restauradas com pintura e cromados para que pareçam novas.

Tratam como peças de museu, protegidas e inúteis.

Como digo sempre, não sou um colecionador, simplesmente gosto de escrever com elas, por isso não dou a mínima para aquelas que servem apenas como enfeite.

Claro que valorizo as bem conservadas, que foram mantidas na condição original por tantos anos, sem sofrer com os acidentes de percurso, oxidação e quebras.

Mas a primeira condição que me atrai em uma máquina é a sua funcionalidade. Basta escrever bem para ganhar meu coração. Os desgastes de pintura ou manchas nos cromados são apenas uma pátina imposta pelo tempo. O que importa é a precisão dos movimentos e a maciez do teclado.


Por isso, quando vi essa linda e rara Remington Letter-Riter sendo anunciada, com uma fotografia mal focada de celular, me encantei. Mais ainda pelo preço, apenas R$ 50,00, bem menos do que costumo gastar em um pedido de pizza.

Como toda boa máquina produzida nos anos 1950, para mim, a época de ouro para a indústria, o design dessa Remington abusa das formas arredondadas, dos cromados e dos materiais nobres.

Também segue o padrão de durabilidade dos anos dourados, tendo sido feita para durar até a eternidade.

Nesse quesito, minha nova companheira parece imbatível. Tem cara de valente, sem fru-frus. Trouxe até uma bela tatuagem, um número pintado na lateral que indica ter sido usada em alguma instituição militar, o que não surpreende, já que me foi vendida por um oficial da aeronáutica, que a recebeu como herança.


Nem foi preciso substituir a fita. O máximo que devo fazer com ela é espantar a poeira com um compressor de ar. Mais nada. Qualquer outra interferência além de uma limpeza e lubrificação seria um crime contra a sua história.

Mesmo dispondo cada vez menos de espaço, essa Letter-Riter já conquistou a sua vaga entre as minhas máquinas preferidas. E, se um dia resolver escrever um livro ou roteiro de ação, será com esse tanque de guerra que eu vou para a batalha.

Luciano Toriello - 05.09.2015
Escrito com uma Remington Letter-Riter

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