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sábado, 16 de maio de 2015

Uma máquina tem personalidade?


 

Gosto mais de engenhocas mecânicas que eletrônicas. Mesmo produzidas em série, uma máquina nunca é igual a outra. Uma variação milimétrica muda tudo.

Com o uso, pegam a mão do dono e ganham manhas e manias.

Quem já dirigiu o mesmo carro por muito tempo sabe bem disso. Depois da troca por um novo, fica a saudade do antigo.

Com um gadget eletrônico a coisa é diferente. Alguém sente falta do primeiro celular?

Talvez, entre todas as máquinas, as de escrever ganham ainda mais personalidade, podendo ser identificadas no meio da multidão.

Num velho manual do crime, certamente há alguma regra alertando sobre os rastros de uma máquina de escrever em um bilhete ameaçador.

Mas a impressão é apenas uma das diferenças. Também mudam o som, o toque e até o cheiro, fazendo a datilografia uma experiência única.

Com uma máquina, as ideias fluem, ganham asas. Com outra, o texto não decola, a cabeça trava.

Daí a minha vontade de ter várias, não para guardá-las como objeto de coleção, mas para colocá-las em uso e alcançar tudo o que podem oferecer.


Luciano Toriello - 16.05.2015

Escrito em uma Adler Junior - E




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