O contraste só aumenta a cada comparação, até a mais evidente, quando máquinas de uma mesma época foram produzidas por diferentes fabricantes.
Quando comecei minha vida profissional, havia no escritório duas marcas de máquinas, a Olivetti e a Facit. A primeira me era mais familiar, por isso foi a escolha natural. Quando experimentei a Facit, não vi qualidades, porque minha opinião já estava previamente formada.
Por isso, quando voltei a me interessar por máquinas de escrever, não considerei a Facit. Meu foco ficou com a marca italiana e a Remington, mais conhecida. Depois, aos poucos, fui adquirindo outras marcas, como as diferentes alemãs, de acordo com as oportunidades que foram surgindo.
Minha Facit TP1, pintada de vermelho, me chegou com a negociação de um pacote de máquinas, entre outras que me interessavam. Estava quebrada, por uma queda sofrida, e surrada pelo uso intenso ao longo dos anos.
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A Facit TP1 vermelha foi recuperada de uma queda e dos desgastes de uso intenso, mesmo assim, revelou sua qualidade e me incentivou a buscar outra igual, em melhores condições |
Em uma escolha racional, deveria ir para a pilha de sucatas, mas preferi investir no conserto por dois motivos: gostei do tipo de letra e arrisquei, porque acredito que os melhores finais felizes não acontecem com as escolhas racionais.
Estojo tem formato e presilhas especiais para manter a segurança da máquina durante o transporte |
Com tantos defeitos a serem corrigidos, um acabou esquecido e foi preciso retornar com a Facit para a oficina. Então, quando voltou pela segunda vez, achei melhor levá-la para o trabalho, para preencher alguns despachos em documentos e colocar a manutenção à prova.
O uso diário me fez gostar mais da nova companheira de mesa, a ponto de sentir sua falta em casa, no meio de tantas outras.
Passei a ver qualidades na Facit, como a precisão e a robustez mecânica, com um jeito bastante diferente das máquinas convencionais, que confere uma suavidade ao teclado, sem enroscar com a velocidade.
Todos os detalhes preservados, como as peças cromadas e a régua de acrílico no suporte de papel |
Por isso, passei a buscar uma nova TP1 para a coleção, com todas as características originais que a minha velha guerreira não mais possui, o que é bem difícil de encontrar, diante da pequena distribuição desse modelo no Brasil, que chegou por importação da Suécia.
A Facit TP1 era importada da Suécia e recebia placa de identificação da Facit S.A, antes de ser distribuída para as lojas |
O desejo acabou de ser realizado. Minha nova TP1 foi preservada quase sem uso, por mais de 50 anos, dentro do estojo original.
Com cores sóbrias, a Facit TP1 mantinha o perfil da empresa, que buscava atender ao mercado corporativo, sem a preocupação com opções de cores, como a Olivetti, que alcançava um público maior |
Segundo o vendedor, a máquina ficou guardada desde que chegou da loja, como uma reserva, sem a titularidade que era ocupada por uma Olivetti Studio 44, que trabalhou até ser substituída por um computador.
Tipo da letra é um pouco menor que o tamanho comercial |
Assim, devo agradecer à sorte e, por que não, à Studio 44, que ajudou a manter essa Facit intacta, para que eu pudesse encontrá-la.
Luciano Toriello - 10/01/2016
Escrito com uma Facit TP1
Parabéns Luciano! Comigo aconteceu a mesma coisa...não dava muita atenção à TP1, e fiquei colecionando outras, de variadas marcas, mas hoje em dia, nenhuma supera a engenharia e maciez da minha Facit também ❤️
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